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O Problema

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A Agência Europeia do Ambiente (EEA), na sua última avaliação do estado da natureza na União Europeia (EU) descreveu que apesar de todos os esforços de conservação, 3/4 dos habitats classificados no âmbito da Diretiva Habitats encontram-se atualmente em estado de conservação desfavorável e 1/3 deles com tendência decrescente (EEA, 2020). Destes, os habitats dunares estão entre os que apresentam piores resultados no contexto Europeu: cerca de 86% estão em estado desfavorável, dos quais 52% estão mesmo em mau estado de conservação (EEA, 2020). A mesma realidade é observada no contexto biogeográfico do mediterrâneo: em Portugal, por exemplo, 85% dos habitats dunares foram reportados como estando em estado desfavorável, 60% dos quais em mau estado de conservação. Do conjunto destes habitats costeiros, destacam-se os zimbrais dunares.

Estes zimbrais dunares são habitats extremamente vulneráveis porque ocupam um espaço ecológico limitado e muito apetecível por determinados sectores económicos, sobretudo pelo turismo, floresta e agricultura. Estão, por isso, sujeitos a um conjunto grande de ameaças que foram responsáveis pela sua drástica redução em todo o mediterrâneo. Por exemplo, neste contexto incluem a exploração florestal, desenvolvimento urbano e turístico, espécies invasoras, incêndios, erosão costeira, pastoreio e fragmentação, mas também a restrição natural da regeneração natural das diferentes espécies de zimbro (ALFA, 2004). O reconhecimento do seu elevado valor está traduzido na Diretiva Habitats, onde integram o Anexo I e se encontram classificados como prioritários para a conservação: Habitat 2250* - Dunas litorais com Juniperus spp.

Apesar da sua importância e estatuto de proteção, os zimbrais dunares foram avaliados no âmbito do último Relatório Nacional de Aplicação da Diretiva Habitats (período 2003-2018), como estando em estado de conservação "desfavorável-mau", em Portugal (e todo o mediterrâneo), sendo que em Portugal a tendência é decrescente. Tal significa que os esforços efetuados ao nível do ordenamento e da sua proteção na Península Ibérica, foram insuficientes para travar a degradação deste habitat. É, por isso, urgente restaurar estes zimbrais. Contudo, acrescenta-se que especialistas em restauro de habitats (em especial os grupos de discussão associados ao Processo Biogeográfico do mediterrâneo) têm convergindo na ideia de que a inversão desta tendência de degradação não passa apenas pelo restauro, mas sim por uma estratégia mais alargada que inclui um conhecimento de base sólido, a capacitação técnica dos gestores do território, um planeamento integrado (no tempo e no espaço) e uma mudança transformadora da sociedade, para que seja ela mesma a força motora para a sua proteção (Sunyer et al., 2021, Hidalgo, 2020). Acredita-se, portanto, que uma estratégia efetiva para a gestão do habitat deve ser integradora de todos estes aspetos, traduzindo-se no final num Plano de Ação para o habitat. O Zimbral for LIFE foi construído tendo por base estes pressupostos: necessidade urgente de restauro; um conhecimento de base sólido; o envolvimento e capacitação de toda a sociedade e o necessário planeamento a larga escala e com objetivos de longo prazo.


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